Conheci Iranildes Russo com vitalidade impressionante. Cantava na noite com sua voz suave. Depois instalou com os filhos uma Empresa de Promoção de Eventos, entre eles Gustavo.
Foi então que uma fatalidade arrancou-lhe toda a alegria de viver e transformou sua vida. Seu filho Gustavo foi assassinado por Policial Militar Marcelo Zeferino, em uma situação que retrata bem a violência urbana que tomou conta de nossas cidades.
Durante um assalto o marginal Lucivaldo Ferreira tomou o carro de Gustavo para a fuga e o fez de refém quando foi rendido com arma de fogo. Três viaturas da PM com oito policiais perseguiram o carro que Gustavo dirigia a mando do meliante e dispararam uma saraivada de tiros em direção ao veículo do promotor de eventos. Apesar de Gustavo gritar que não era o comparsa do marginal e sim o refém, os policiais não pararam e Gustavo foi atingido por tiros e faleceu aos 27 anos. O crime ocorreu em 10/01/2005.
De lá pra cá a luta de Iranildes foi incessante em busca de justiça para o filho. Ela não se contentava de apenas o PM Zeferino ser o responsável pelo assassinato de Gustavo, queria que todos os policiais respondessem pelo crime, pois agiram em equipe.
Ela aguardava que o equívoco fosse corrigido: ¨É mais uma chance que a justiça tem de se fazer presente. Pela prova dos autos todos são culpados. A bala letal partiu de um, mas todos atiraram. Espero que a verdadeira justiça aconteça¨, revelou.
O mesmo entendimento teve o Promotor Mário Brasil responsável pela acusação dos policiais. Após 12 horas de julgamento o Tribunal do Júri por maioria dos votos dos jurados absorveu o PM Marcelo Zeferino pela morte de Gustavo e o condenou pela morte do assaltante Lucivaldo.
Há seis anos Iranildes vive um pesadelo, além de sofrer a perda do filho, reviveu várias vezes esta história através de quatro julgamentos para, ontem, não conseguir vê a justiça ser feita. Os outros PMs tiveram penas diferenciadas, uns já julgados, respondem em liberdade, outros foram também absorvidos.
Iranildes teve que ser socorrida, pois passou mal por não se conformar com a decisão.
Desejo muita força a ela, sei perfeitamente o que peregrinar atrás de justiça, passei por isso e é frustrante não conseguir depois de anos de batalha. Minha solidariedade para toda a família, pois também quando deputada acompanhei a luta deles.
A PM não está preparada para operações como esta, confundir assaltante com refém é um erro gravíssimo e demonstra despreparo, incompetência e um contingente mal treinado. Além de que por tudo os policiais no Brasil sempre preferem atirar, usando imediatamente arma letal, não se prevalecendo de outros meios para contornar situações como esta. No mundo de violência, a máxima que prevalece é que todos são bandidos até provarem ao contrário, até pessoas trabalhadoras e do bem como Gustavo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário